Bem me queria parecer que este Serzino,"Serinus serinus",cantava a duas vozes.Cantava com tal entusiasmo,abanando-se e fazendo-se notar,estava,concerteza,a tentar distrair-me do ninho.
A outra voz,na mesma árvore,era esta encantadora ave,ouvida muitas vezes mas raramente vista,um rouxinol,"Luscinia megarhynchos",dissimulado no meio do "Quercus pyrenaica".Já o tinhamos escutado na árvore preferida dele o "Laurus nobilis",vulgo loureiro.Faz-me sempre lembrar o Fanhais.
Esta é a grande maravilha da natureza,a variedade.
Nunca gostei daqueles que falam a uma só voz.
Muito menos gosto daqueles que nos querem obrigar a falar a uma só voz.
Este magnífico aparelho,fabricado manualmente por um pastor da Serra da Estrela meu amigo,é um BARBILHO.O pastor ensinou-me como usá-lo:
Quando os chibitos atingem a idade suficiente para deixarem de mamar,coloca-se-lhes o barbilho.Aquele pequeno pau é colocado na boca,por detrás dos dentes,a peça de sola fica por baixo do queixo e o cordel ata-se por detrás dos cornitos.Assim os chibitos não conseguem mamar,por mais que tentem,aproveitando o pastor alguns dias de leite das cabras para fazer queijo.
O barbilho é ainda mais útil quando os cabrões adultos se viciam em mamar.Dão um prejuizo enorme.Mamam o leito das crias mais pequenas,engordam eles mas acabam com o rebanho.
Aí é preciso aplicar bem o barbilho.São hábeis em esfregar o focinho onde podem e tirar o apetrecho.É necessário amarrar-lho bem por detrás dos cornos.Depois de se habituarem é muito difícil tirar-lhes o vício.
Quando o pastor não consegue,mesmo com barbilho,desabituá-los,só há uma solução manda-os abater.
SE NÃO HOUVER CABRÕES A MAMAR O LEITE QUE NÃO É DELES NÃO HÁ CRISE E O REBANHO PROSPERA.
Justo,justo é nacionalizar tudo o que foi conseguido desonestamente,roubando e explorando os outros,consentidamente,apoiadamente,coniventemente.Então não é de todos?
Enquanto for legítima a extorsão estará sempre em crise a nação.
mário
