Não queria invadir demasiado o espaço dela,mantive-me no mesmo local.
* *
Tenho por hábito comprar o que necessito nos mercados de proximidade,ou a pessoas,das aldeias vizinhas,em quem confio.
Só entro nas "grandes superfícies" por absoluta necessidade quando não encontro,o que procuro,noutro local.
Fui a casa da Srª. Maria,ali para os lados da raia,à procura do delicioso queijo de cabra que ela tão bem sabe fazer.
Quando cheguei estranhei a porta fechada,estava sempre entreaberta.
Bati.
Demorou algum tempo e lá veio a Srª. Maria.
Depois dos cumprimentos,lá perguntei,como sempre,-há queijinho?
Com ar triste,olhar vazio,disse-me,-não senhor,já não há.Não mo deixam fazer.Tinha de ter instalações,licenças,registos,pagar impostos,olhe,eu sei lá,o diabo a quatro.Até me disseram que deixava de receber a miséria que me dão todos os meses.
Bem tentei animá-la,como se pode animar uma pessoa assim tratada?
Ainda acrescentou,-Olhe,o queijo era mais para me entreter,sempre fiz,gosto muito,e para ajudar a pagar os medicamentos dele e meus,agora custam uma fortuna.
Roubaram-lhe o trabalho de uma vida inteira pois sempre trabalhou e agora nada tem.
Agora roubaram-lhe a vida.
Só quem viu a tristeza daquela criatura.
Então isto não é um crime?
Não podemos continuar a produzir o que é nosso e bom,temos de comprar porcaria,com sabor a desinfectante,e não só,feito sabe-se lá com quê.
Esse é que dá dinheiro para encher os bolsos a alguns e aos governos.
Assim se vai destruindo o país,com desculpas da europa,dos mercados do fmi,do raio que os parta.
mário
Absolutamente de acordo, Mário. Eu já trabalhei no controlo alimentar e conheço de perto o exagero da segurança ou pretensa higiene, sobretudo quando colidem com questões culturais ou com interesses económicos de outros poderes e comércios... Lamentável a destruição das nossas reliquias gastronómico-culturais cujas características organolépticas são insubtituíveis.
ResponderEliminarSe tudo fosse tão belo como a Laverca...!
bjs,
Mário, permita-me que lhe diga que este é sem dúvida o seu melhor post, pelo menos para mim e desculpa-me alguma indelicadeza da minha parte se a houver. Primeiro as fotos e o texto sobre a bela ave. Depois, a descrição da discriminação do interior, do empurrão para a miséria ou para a inutilidade. Parece que estão todos a puxar-nos para o mar. Como sempre senti isso na pele.
ResponderEliminarMais uma vez, parabéns, um belo post.
Mário,
ResponderEliminaracontece um pouco por todo o lado. Esses europeus que depois nos abandonam mas que se roem por comer as nossas especialidades...
É verdade! Há já alguns anos que vem sendo destruída a pequena agricultura, a pequena indústria, tudo o que é bom e caseiro, em nome da dita higiene. Nem o porco ou a galinha que nós criamos podemos, por lei, comer. Infelizmente parece que os nossos governantes e também os partidos vivem noutro país e estão completamente fora da realidade nacional, em todos os aspectos digamos. Também a população em geral parece pouco preocupada com a nossa galopante dependência alimentar do exterior.
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