terça-feira, 24 de março de 2015

GUARDA, POESIA E TEIAS DE ARANHA

O TEATRO DO CALAFRIO, QUEM HAVIA DE SER, ORGANIZOU MAIS UMA EXCELENTE SESSÃO DE POESIA, ERA O DIA DELA, POESIA, E HONRAVA-SE A MEMÓRIA DE 
MANUEL ANTÓNIO PINA


 TAMBÉM LEMOS DOIS POEMAS, E UMA CRÓNICA,
PERANTE UMA SALA BEM COMPOSTA.

A POESIA, PARA MIM CLARO, É COMO UM BOM VINHO.
UM BOM VINHO PODE SABOREAR-SE MESMO POR UM PÚCARO DE BARRO.
UMA "PIZORCA" NUNCA SERÁ UM BOM VINHO MESMO BEBIDA POR UMA TAÇA DE PRATA.
INTERESSA-ME MAIS, MESMO MUITO MAIS, O CONTEÚDO DO QUE A FORMA.
A CULTURA, E A POESIA TAMBÉM, SÓ SE REALIZA PLENAMENTE COMO CONTRA-PODER.
O PODER, OU A SUA PROXIMIDADE, ABAFA-A, SUFOCA-A, ESTRANGULA-A, LIMITA-A, PODE MESMO MATÁ-LA.
NÃO GOSTO DE POESIA ESCRITA DE CIMA DO MURO À ESPERA DE VER PARA QUE LADO VAI CAIR, MUITO MENOS DE CIMA DA BURRA.
LEVEI, PARA LER  DOIS POEMAS QUE NOJO, DE MÁRIO DIONÍSIO,e, ROTEIRO, DE SIDÓNIO MURALHA .                                                                                                                              DO CAMPO, ONDE VIVO, LEVEI ALGUMAS PEDRAS EM PALAVRAS.
QUE PRAZER ACRESCIDO QUANDO ALGUNS NÃO GOSTAM, É AÍ QUE A MENSAGEM SE CONSUMA E REALIZA.
NÃO SEI SE A DOR ERA NALGUMA PERNA, OU, APENAS, RAIVINHA MIÚDA.
TEMOS DE ESCORRAÇAR OS CENSURADORES, ANTES QUE ABUSEM.
MESMO ASSIM DEFENDEREI SEMPRE O DIREITO DOS OUTROS A EXPRESSAREM LIVREMENTE O PENSAMENTO, POR MAIS QUE DELES DISCORDE, OU OS ACHE IGNORANTES, SUBSERVIENTES OU ARROGANTES.
COMO MANUEL ANTÓNIO PINA ESCREVIA, EM RESPOSTA A UM DESBOCADO DESCABELADO, CITO DE MEMÓRIA : SE VEJO VIR UM CAMIÃO DESCOMANDADO E SEM TRAVÕES, POR INSTINTO DE SOBREVIVÊNCIA, ENCOSTO-ME E DEIXO-O PASSAR.

HOJE, QUERO AQUI DEIXAR MAIS ESTE:


toda poesia é hostil ao capitalismo
pode tornar-se seca e dura não
porque seja pobre mas
para não contribuir para a riqueza oficial

pode ser a sua maneira de protestar de
tornar-se fraca já que tem fome
amarela de sede e sofrida
de pura dor que tem pode ser que

em troca abra os becos do delírio e as bestas
cantem atropelando-se vivas de
fúria de calor sem destino pode
ser que se negue a si mesma como outra

maneira de vencer a morte
assim como se chora nos velórios
poetas de hoje
poetas deste tempo

nos separaram da grei não sei que será de nós
conservadores comunistas apolíticos quando
aconteça o que vai acontecer mas
toda poesia é hostil ao capitalismo.

Juan Gelman

QUERO RECORDAR TAMBÉM ESTA CRÓNICA .
mário

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